Este post exige um pouco de conhecimento histórico. Para aqueles que não conhecem bem a história dos judeus vou fazer um pre-âmbulo.
Após a diáspora, que foi a dispersão dos judeus de Jerusalém nas décadas que se seguiram após a morte de Cristo. Os judeus peregrinaram pela Terra formando comunidades em vários lugares. Na Europa, tivemos 2 grupos, os sefarditas e os asquenazitas. O primeiro situou-se na península ibérica (Portugal e Espanha), o segundo na leste europeu e Alemanha.
Com a Inquisição Católica, os judeus que habitavam Portugal e Espanha foram perseguidos, foram mortos, convertidos a força ao cristianismo ou migraram para a América. O Brasil recebeu muitos judeus que migraram de Portugal, o judeu, Fernando de Noronha, foi um dos que proporcionaram esse evento. Há relatos de mais de 70% da população brasileira no período colonial era de descendentes de judeus. Foram 5 séculos de migrações e muitos brasileiros tem em sua origem uma ascendência judaica.
O termo, Cristão Novo, é para designar o judeu convertido ao cristianismo, à força e para evitar persiguições. De qualquer forma, o termo “cristão novo” gerava distinção entre católicos tradicionais e judeus convertidos. Demorou alguns séculos para essa distinção desaparecer. No Estado de Pernambuco, no litoral e interior, existem várias marcas da cultura judaica. Alguns estudiosos afirmam que dar “água pro santo” é uma referência a Elias, profeta hebreu. Outra expressão curiosa é “tomar banho no sábado”, sabendo que o sábado é o dia de descanso e consagração para os judeus.
Assim, a história brasileira trás em sua formação uma origem judaica, embora diluída com a de outros povos e etnias. Existem movimentos que tentam resgatar nos brasileiros a valorização de sua ascendência judaica e aproximá-los dessa tradição. A ABRADJIN é um desses grupos ( http://www.anussim.org.br/ ), e outro movimento é (http://www.ensinandodesiao.org.br).
Mas o que são esses grupos? São Judeus, são cristãos com tradições judaicas, são judeus com ideais cristãos? Existem grupos de judeus messiânicos. Esses grupos em geral praticam a lei e a tradição judaica e incorporam ensinamentos do novo testamento. Alguns impõem a cincuncisão aos convertidos e outros aceitam que não judeus não precisam seguir todas as diretrizes da lei, dentre elas a circuncisão. Há muitos grupos e divergem em alguns aspectos, mas em geral aceitam Yeshua (Jesus) como messias que veio trazer salvação aos judeus e não judeus. Muitos evangélicos tem aderido a esses movimentos que os aceitam bem, desde que se adequem a sua filosofia, uns exigem um novo batismo ( http://israelitas.com.br/home/index.php ), outros não.
O cristão brasileiro deve incorporar práticas religiosas judaicas? Lembrar festas e cerimoniais judaicos? Se tomarmos o início da igreja veremos que algumas práticas foram seguidas por Jesus e os discípulos, afinal, eles eram judeus. A páscoa dos judeus foi celerada pelos discípulos, Paulo fez um voto raspando a cabeça, uma viúva pobre ofertou ao templo. São inúmeras as passagens onde os rituais judeus são citados. Mas quando a igreja incorpora os gentios, passa-se a ter um problema: levar ou não os costumes judaicos aos não judeus? Essa contenda surgiu na época de Pedro e Paulo, e em reunião definiram o que fazer. Em atos dos apóstolos, capítulo XV, versículo 28 e 29, está escrito assim:
-
Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior peso além destas coisas necessárias:
-
que vos abstenhais de coisas sacrificadas aos ídolos, de sangue, de animais sufocados e de fornicação; destas coisas fareis bem de vos guardar. Saúde.
Assim, se alguém não se considera judeu, e quer seguir a Jesus, o faça na simplicidade que o Espírito Santo designou através dos apóstolos e presbíteros. Que evitem as coisas acima citadas e deduzam toda instrução dos 2 principais mandamentos: Amai a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Quem fizer isso, achará o favor diante de Deus e estará seguindo os passos de Jesus, ou Yeshua, para os judeus. O que fizermos além disso, é para suscitar vaidade por nossa origem, no que diz respeito a etnia, religião e cultura. E para aqueles que se acham especiais só porque descendem de Abraão, Jesus diz: “Deus pode levantar descendentes de Abraão dessas pedras.” Então, você que se julga uma pedra preciosa, não passa de um cascalho. Pois é Deus que torna o carvão em diamante.